
Aprender sentado em uma carteira, na sala de aula, ouvindo o professor falar e demonstrar os conhecimentos não é mais realidade em muitas faculdades de medicina. Cada vez mais as instituições estão aderindo aos métodos ativos de ensino, entre eles o Problem Based Learning (PBL) e o Team-Based Learning (TBL).Â
Cada método tem suas
particularidades, mas, em comum, há o fato de ambos basearem a aprendizagem na
resolução de problemas, de transformarem o professor em um tutor, e de
priorizarem o trabalho em equipe. Nestas aulas, o aluno é desafiado a buscar as
respostas e desenvolver habilidades necessárias para o exercÃcio da profissão.
Na Universidade Cidade de São
Paulo (Unicid), a grade curricular de medicina é de 60% em PBL, segundo a
coordenadora Denise Ballester.
“A vantagem desse método é que o aluno aprende a aprender, ele fica autônomo e busca soluções para as questões do dia a dia. Passa a ter acesso a um monte de informações e fica mais flexÃvel para resolver os problemas, assim como vai ser na vidaâ€, diz Denise.
Para Caroline Belo Prado,
aluna do primeiro ano de medicina, o método ativo desperta sua curiosidade e a
incentiva a estudar. "Depois das aulas, sempre vou pra casa querendo
entender o problema apresentado e descobrir o que eu poderia ter feito e qual
era a melhor decisão a ser tomada naquela situação. O PBL te ensina a estudar,
a pensar e a desenvolver um raciocÃnio mais amplo."
Na Faculdade de Medicina de
MarÃlia (Famema), o PBL já é aplicado há 20 anos. O coordenador Antônio Carlos
Siqueira Junior diz que a metodologia pode assustar, se comparada Ã
tradicional, porém a experiência da instituição é muito boa.
“Nossos alunos se colocam nas melhores residências, e temos uma boa empregabilidade. O método coloca o estudante desde o inÃcio fazendo o exercÃcio que ele fará na sua vida profissional: resolver problemas. Ele treina o estudante a buscar fontes segura de informação.â€
Desvantagens
Apesar das vantagens, há
desafios nos métodos ativos. Os professores afirmam que o trabalho em equipe
nem sempre pode fluir bem, e o aluno acostumado a postura mais “passiva†em
sala de aula pode levar um tempo para se adaptar.
Denise diz que na Unicid os
calouros recebem muito apoio para acompanhar o método. “Não vejo desvantagens,
mas a adaptação no primeiro ou segundo ano pode ser difÃcil, pois os alunos
estão acostumados a muita passividade.â€
Uma das premissas dessas metodologias é o trabalho em grupo que pode ter seus percalços, como lembra o professor de células e genes, Welbert de Oliveira Pereira, da Faculdade de Medicina do Einstein, que utiliza o TBL.
“Trabalhar em equipe todos os dias ao longo do semestre com o mesmo grupo não é fácil. Se você der sorte de juntar um monte de pessoas que pensam como você e viraram amigos, perfeito. Mas à s vezes você encontra conflitos de geração, de formação ou educaçãoâ€, diz Pereira.
Marcus Vinicius de Abreu,
aluno do primeiro ano de medicina no Einstein, concorda que o trabalho em grupo
contÃnuo é um desafio. "As aulas são sempre em grupo, exige muita
discussão e isso te força a esclarecer as próprias ideias, mas ao mesmo tempo
também deixa o processo mais cansativo."

Leia mais...