Pela primeira vez em mais de
100 anos de história, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP) vai aplicar uma polÃtica de cotas raciais para os ingressantes no curso
de graduação em medicina mais prestigiado do paÃs.
Na sexta-feira (30), a
Congregação da faculdade (órgão máximo de decisão da FMUSP) aprovou a adesão
parcial ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa a nota do Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) para selecionar estudantes. A informação foi
confirmada ao G1 na manhã deste sábado (1º)
pelo diretor da FMUSP, professor José Otávio Costa Auler Júnior.
Segundo ele, 50 das 175 vagas
de medicina em 2018 serão selecionadas via Sisu/Enem, e 125 continuarão
oferecidas pela Fuvest. "Quem trouxe a proposta foi o Conselho de
Graduação. É uma proposta bem completa. Foi aprovada sem modificação. Foi uma
votação bem expressiva", afirmou ele. Ainda de acordo com o diretor, os
demais cursos da faculdade (fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional)
também terão uma parte das vagas destinadas ao Sisu.
Todos os anos, a faculdade,
localizada nas ClÃnicas, Zona Oeste de São Paulo, abre 175 vagas para novos
calouros de medicina. Segundo nota publicada pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz
(Caoc), a maioria dos membros presentes na reunião desta sexta aprovou dividir
essas 175 vagas em 2018 da seguinte forma:
·                 Â
Fuvest: 125 vagas (ou 71,4%
do total) seguem destinadas ao vestibular tradicional da Fuvest, que já aplica
uma polÃtica de bônus progressiva aos estudantes de escola pública, incluindo
bônus adicional a estudantes que se autodeclarem pretos, pardos e indÃgenas
(PPI)
·                 Â
Sisu: 50 vagas (ou 28,6%)
serão oferecidas pelo Sisu 2018 aos estudantes inscritos no Enem 2017; dessas
50 vagas, 10 serão reservadas para candidatos de ampla concorrência, 25 para
candidatos que tenham feito o ensino médio em escola pública, e 15 vagas para
candidatos da rede pública que se autodeclarem pretos, pardos e indÃgenas.
Isso quer dizer que, pela
primeira na vez na história, a Faculdade de Medicina da USP terá uma polÃtica
especÃfica de cota racial. No total, 8,6% de todas as vagas para novos alunos
em 2018 será reservada para pretos, pardos e indÃgenas.
No curso de fisioterapia, 22 vagas seguirão na Fuvest, e três serão destinadas, pelo Sisu, a estudantes de escola pública PPI. Das 25 vagas do curso de fonoaudiologia, cinco vão ser destinadas ao Sisu (três para estudantes de escola pública, e duas para estudantes de escola pública que se autodeclarem pretos, pardos e indÃgenas). Já no curso de terapia ocupacional, o total também será de 25 vagas, e três serão selecionadas pelo Sisu (duas para alunos de escola pública e uma para alunos de escola pública PPI).
Metas de inclusão na
USP
De acordo com José Otávio
Auler, o principal motivo da adesão parcial da FMUSP ao Sisu é a tentativa de
acelerar o processo de inclusão de estudantes oriundos da escola pública na
Universidade de São Paulo. A meta da instituição é ter, em 2018, 50% dos seus
calouros vindos da rede pública de ensino médio. Em 2017, esse patamar bateu
recorde, mais ainda ficou em 36,9%.
"Parece que o Inclusp,
pelo que estavam mostrando ontem [na reunião], não estava conseguindo bater a
meta. Então a questão é ampliar um pouco as possibilidades para estudantes de
outras áreas do paÃs, com o Enem. Com isso talvez a gente consiga bater a meta
mais rapidamente e fazer a inclusão, os resgates sociais", disse o diretor
da FMUSP.
Ele disse que o aumento da
adesão de mais unidades, e da destinação de mais vagas da USP ao Sisu, é um
"processo evolutivo" que acontece progressivamente.
Mas, de acordo com Auler, o
vestibular da Fuvest seguirá, em 2018, selecionando a maior parte dos calouros
de medicina da faculdade. "A Fuvest vem trabalhando há 40 anos. Na Fuvest
não modificou nada, o que modificou foi que, das 175 vagas, 50 foram para o
Sisu", disse ele, lembrando que estudantes de escola pública têm direito a
bônus na nota da Fuvest pelo Inclusp.
As faculdades da USP têm
autonomia para definir o número de vagas destinadas ao Sisu, e o Conselho
Universitário da USP (CO) é responsável por referendar as decisões e definir a
tabela geral de vagas do vestibular. A reunião que deve aprovar a tabela de
vagas da USP em 2018 está agendada para a próxima terça-feira (4).
Histórico da USP no
Enem
Desde 2015, as unidades da
universidade possuem autonomia para
aderir ou não ao Sisu. No primeiro ano, 85 dos 143 cursos de
graduação da USP decidiram aderir ao Enem parcialmente (incluindo a Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, com 10 vagas para alunos de escolas públicas).
Os outros 58 decidiram manter 100% das vagas no processo seletivo da Fuvest (incluindo a Faculdade de
Medicina de São Paulo).
Depois de um primeiro ano de
experiência, o número de vagas da USP destinadas ao Sisu subiu 57%, mas ainda
sem a adesão da FMUSP (veja aqui o quadro
completo do Sisu 2017). No mesmo perÃodo, a quantidade de vagas
reservadas para a cota racial cresceu 376%.
Democratização do
acesso
Em nota publicada em sua
página oficial no Facebook, nesta sexta, o Caoc considerou a decisão uma
"vitória extremamente importante, uma vez que representa um primeiro passo
para a democratização do acesso à universidade".
O centro acadêmico disse
ainda que "a Faculdade de Medicina é um dos últimos cursos a aderir ao
Sisu, mantendo-se um dos mais brancos e elitizados de toda a USP. Esperamos
que, com essa vitória, esse panorama se altere e a FMUSP se pinte de
povo".
A entidade estudantil, porém,
afirmou que também é favorável à instituição de cotas no vestibular da Fuvest.
Hoje, o vestibular tradicional da USP mantém uma polÃtica de ação afirmativa
baseada apenas no sistema de bonificação, mas não reserva vagas a determinados
candidatos.
fonte: g1.globo.com/educacao
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Sisu: 50 vagas (ou 28,6%)
serão oferecidas pelo Sisu 2018 aos estudantes inscritos no Enem 2017; dessas
50 vagas, 10 serão reservadas para candidatos de ampla concorrência, 25 para
candidatos que tenham feito o ensino médio em escola pública, e 15 vagas para
candidatos da rede pública que se autodeclarem pretos, pardos e indÃgenas.
Isso quer dizer que, pela
primeira na vez na história, a Faculdade de Medicina da USP terá uma polÃtica
especÃfica de cota racial. No total, 8,6% de todas as vagas para novos alunos
em 2018 será reservada para pretos, pardos e indÃgenas.
No curso de fisioterapia, 22 vagas seguirão na Fuvest, e três serão destinadas, pelo Sisu, a estudantes de escola pública PPI. Das 25 vagas do curso de fonoaudiologia, cinco vão ser destinadas ao Sisu (três para estudantes de escola pública, e duas para estudantes de escola pública que se autodeclarem pretos, pardos e indÃgenas). Já no curso de terapia ocupacional, o total também será de 25 vagas, e três serão selecionadas pelo Sisu (duas para alunos de escola pública e uma para alunos de escola pública PPI).
Metas de inclusão na
USP
De acordo com José Otávio
Auler, o principal motivo da adesão parcial da FMUSP ao Sisu é a tentativa de
acelerar o processo de inclusão de estudantes oriundos da escola pública na
Universidade de São Paulo. A meta da instituição é ter, em 2018, 50% dos seus
calouros vindos da rede pública de ensino médio. Em 2017, esse patamar bateu
recorde, mais ainda ficou em 36,9%.
"Parece que o Inclusp,
pelo que estavam mostrando ontem [na reunião], não estava conseguindo bater a
meta. Então a questão é ampliar um pouco as possibilidades para estudantes de
outras áreas do paÃs, com o Enem. Com isso talvez a gente consiga bater a meta
mais rapidamente e fazer a inclusão, os resgates sociais", disse o diretor
da FMUSP.
Ele disse que o aumento da
adesão de mais unidades, e da destinação de mais vagas da USP ao Sisu, é um
"processo evolutivo" que acontece progressivamente.
Mas, de acordo com Auler, o
vestibular da Fuvest seguirá, em 2018, selecionando a maior parte dos calouros
de medicina da faculdade. "A Fuvest vem trabalhando há 40 anos. Na Fuvest
não modificou nada, o que modificou foi que, das 175 vagas, 50 foram para o
Sisu", disse ele, lembrando que estudantes de escola pública têm direito a
bônus na nota da Fuvest pelo Inclusp.
As faculdades da USP têm
autonomia para definir o número de vagas destinadas ao Sisu, e o Conselho
Universitário da USP (CO) é responsável por referendar as decisões e definir a
tabela geral de vagas do vestibular. A reunião que deve aprovar a tabela de
vagas da USP em 2018 está agendada para a próxima terça-feira (4).
Histórico da USP no
Enem
Desde 2015, as unidades da
universidade possuem autonomia para
aderir ou não ao Sisu. No primeiro ano, 85 dos 143 cursos de
graduação da USP decidiram aderir ao Enem parcialmente (incluindo a Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, com 10 vagas para alunos de escolas públicas).
Os outros 58 decidiram manter 100% das vagas no processo seletivo da Fuvest (incluindo a Faculdade de
Medicina de São Paulo).
Depois de um primeiro ano de
experiência, o número de vagas da USP destinadas ao Sisu subiu 57%, mas ainda
sem a adesão da FMUSP (veja aqui o quadro
completo do Sisu 2017). No mesmo perÃodo, a quantidade de vagas
reservadas para a cota racial cresceu 376%.
Democratização do
acesso
Em nota publicada em sua
página oficial no Facebook, nesta sexta, o Caoc considerou a decisão uma
"vitória extremamente importante, uma vez que representa um primeiro passo
para a democratização do acesso à universidade".
O centro acadêmico disse
ainda que "a Faculdade de Medicina é um dos últimos cursos a aderir ao
Sisu, mantendo-se um dos mais brancos e elitizados de toda a USP. Esperamos
que, com essa vitória, esse panorama se altere e a FMUSP se pinte de
povo".
A entidade estudantil, porém,
afirmou que também é favorável à instituição de cotas no vestibular da Fuvest.
Hoje, o vestibular tradicional da USP mantém uma polÃtica de ação afirmativa
baseada apenas no sistema de bonificação, mas não reserva vagas a determinados
candidatos.
fonte: g1.globo.com/educacao
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